Blog apresentado como forma de avalição parcial na matéria de Processos construtivos II, do curso tecnico em edificações - SENAI, ministrada pela prof Ericka Ferraz.

domingo, 19 de agosto de 2012

Fase 1: Autoprodução




Este post será sobre a fase denominada autoprodução que predominou no Brasil desde sua descoberta no século XVI até meados do século XIX, nessa fase a atividade de produção de vedações não era formal, cada individuo construía sua própria moradia., a função das construções era suportar as atividades de sobrevivência, econômicas e político administrativas da época.

Era uma época de primitivismo construtivo, na qual o construtor esteve presente levantando paredes e tetos para abrigar as primeiras feitorias, produtos da terra e gente para a sua defesa.

Com o passar do tempo e com o estabelecimento dos colonizadores no país, foram surgindo outros tipos de edificações, nas quais a influência europeia fazia-se presente, principalmente através das técnicas trazidas de Portugal que se misturavam aos processos utilizados pelos indígenas. Nesta fase, as paredes e o arcabouço eram constituídos por gradeados armados com paus roliços e seu enchimento era feito com barro, galharia e palmas trançadas, ou ainda de taipa e terra. As casas eram construídas principalmente pelos imigrantes europeus e pouco se diferenciavam das ocas indígenas, com relação aos materiais e técnicas empregados.

As principais técnicas construtivas para a produção das vedações verticais eram o pau-a-pique, o adobe ou a taipa de pilão, para moradias mais simples; e a pedra e o barro e, em alguns poucos casos, o tijolo e a cal. Todas elas eram construídas contendo apenas pavimento térreo ou, no máximo, como sobrados.

casa em pau-a-pique

casa em adobe 

capela feita em taipa de pilão

No nordeste usou-se largamente o tijolo de barro cozido, também usual o térreo ser construído de pedra e o andar superior de pau-a-pique. As casas da população mais modesta, pequenos funcionários e comerciantes locais ou artesãos, eram com frequência térreas, em alvenaria de pedra ou tijolo, ou com
estrutura em “gaiola”, com paredes de pau-a-pique. Já os fortes e fortalezas eram construídos com técnicas até aprimoradas para a época, sendo executa das cortinas de pedra e muralhas de terra.

As vedações verticais caracterizavam-se da seguinte maneira: as paredes externas e o arcabouço eram
executados em taipa de pilão e as divisões ou paredes internas levantadas em pau-a-pique ou em taipa de sopapo ou de mão. No geral, a construção distinguia-se por: sua aparência pesada; paredes muito espessas e aberturas de janelas e portas requadradas por vergas, ombreiras e peitoris retos de madeira grossa ou de pedra . Um exemplo dessa técnica construtiva é a chama da “casa da Marquesa de Santos”, uma das únicas
edificações em taipa de pilão ainda identificável em São Paulo.


Casa da marquesa de Santos feita em taipa de pilão

O emprego dos tijolos cerâmicos nas vedações verticais desse período era pouco frequente, mas pode-se salientar como uma das mais remotas, a construção da matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Manga (MG) no a no de 1670, cujas paredes de 150cm de espessura foram integralmente construídas com tijolos cerâmicos maciços. As técnicas construtivas utilizadas nessa época limitavam-se à mera adaptação de
técnicas externas – copiadas de países europeus mais desenvolvidos – às condições locais.

matriz de Nossa Senhora da Conceição

Para as vedações verticais, a autoprodução foi marcada por grande estagnação quanto à evolução das técnicas construtivas, onde foram poucas as mudanças durante quase três séculos. Segundo (HOLANDA, 2003) , este entrave observado no desenvolvimento tecnológico do Brasil colônia deveu-se basicamente à
dificuldade para a instalação de indústrias no país e ao fato de a economia basear-se na escravidão.
Logo, o fim da fase de autoprodução foi marcado e por que não dizer, foi consequência das várias transformações ocorridas na sociedade brasileira, destacando-se: a substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado; a imigração europeia; a emergência do trabalho industrial; o desenvolvimento dos
transportes; e a importância crescente das cidades.
Tais transformações foram acompanhadas por um aumento considerável da demanda por atividade de construção e, ao mesmo tempo, pela diversificação destas atividades. Neste processo, a construção deixou de se organizar como autoprodução, passando-se a se constituir como atividade independente.

Na próxima postagem será apresentada a fase de produção para o mercado, que teve início no final da primeira década do século XIX e vem até os dias atuais

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